Elo de ligação entre os seres e seus Orixás!
"Ser Yabassê vai além do entendimento social de cozinheira. Este cargo ultrapassa todo um jogo de significados que transforma a vida e o entendimento da escolhida e traduz, nela, o mais alto nível de devoção, amor e fé."
A comida ocupa um lugar de destaque nos cultos de origem africana, é a comida que nos traz a energia para continuar nossa jornada material e espiritual, o local onde se cozinha para as divindades é um local sagrado e fundamentado para tal ritualística.
As oferendas são comidas típicas de uma herança cultural, mas, no cotidiano sacerdotal, nota-se uma diferença considerável no seu tempero, cozimento e modo de falar os nomes. Não se pode inovar usando determinados temperos e condimentos modernos como caldos prontos, conservas e corantes. O ideal é que a comida sagrada seja preparada com panela de barro no fogão a lenha, carvão, ou trempe. Isso determina o sabor e o aroma que agradará aos deuses. Com as modernidades de hoje, os candomblés urbanos e o tempo escasso, algumas coisas se modernizaram, mas o axé e o amor dedicado ao alimento continuam o mesmo.
A cozinheira do Axé chamada de Yabassé. é a representação materna que cria e faz todos os alimentos que nos traz energia e axé.
A dedicação e respeito que a Yabassê deposita em seu ofício de sacerdotisa faz a diferença em muitas casas de axé. O ato que compõe, basicamente, todas as tividades ritualísticas do terreiro está fundamentalmente ligado à doação do alimento em todas as festividades. É o jeito mais simples e solidário de distribuir o denominado axé. A comida deve sempre ser preparada com amor, dedicação e, acima de tudo, responsabilidade.
A mão da Yabassê é sagrada. São mãos delicadas e poderosas que preparam o alimento. Mãos que merecem louvores. O respeito e abnegação desta senhora pelas divindades e por quem nelas acreditam é tanta que nos inspira a bondade. Nas casas de culto, do simples chá de ervas ao mais elaborado prato a ser servido, tudo isso faz parte da generosidade dessa Yá.
Se, para toda a nossa sociedade, o ato de comer é sagrado e insubstituível, para o culto ao orixá é a mais fina expressão da palavra fundamento, pois é no ato de comer que se compartilha o axé dividido pelo orixá, é quando se faz possível sentir toda a energia do alimento.