Nossos sagrados Orixás
Os Orixás africanos foram trazidos para o Brasil junto com os escravos, durante o período colonial. Para os negros, essas divindades eram seu refúgio para a situação tão sofrida que viviam.
Seus cultos foram sendo modificados de acordo com o encontro dos negros de diversas regiões da África, tornando esses cultos únicos em nosso país.
Com a proibição dos cultos, por meio dos senhores e feitores, os escravos precisaram usar os santos católicos, e assim nasceu o sincretismo religioso, adequando estes santos ao culto aos orixás.
Para a Umbanda, os Orixás representam as forças da natureza, onde são cultuados em cada domínio.
Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, com à imposição do catolicismo aos negros, cada Orixá foi associado a um santo católico, para manterem os orixás vivos e não perder seu direito ao culto. Pois foram obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.
Abaixo, um pouquinho da história de cada Orixá.
Sincretismo: Jesus Cristo Saudação: Epa Babá Dia da semana: Sexta-Feira Data Comemorativa: 25 de dezembro Elementos: Atmosfera Domínios: Fertilidade Masculina, paz e criação Cores: Branco
Oxalá é sinônimo de fé assentado na Coroa Divina, irradia a fé em todos os sentidos e a todos os seres. Representa a paz. O senhor do branco.
A vibração de Oxalá habita em cada um de nós, e em toda parte de nosso corpo, porém velada pela nossa imperfeição, pelo nosso grau de evolução.
Itã de Oxalá
Águas de Oxalá
Aproximava-se o dia em que seria realizado no reino de Oyó, a época das comemorações em homenagem a Xangô, Rei de Oyó, onde todos os Orixás foram convidados, inclusive Oxalufã. Antes de rumar a Oyó, Oxalufã consultou seu babalawo a fins de saber como seria a jornada, o babalawo lhe disse: leve três mudas de roupas brancas, pois Exu irá dificultar seus caminhos. E Oxalufã partiu sozinho. O adivinho aconselhou-o então a levar consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabãoda-costa, assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida. Caminhando pela mata encontrou Exú tentando levantar um tonel de Dendê as costa e pediu-lhe ajuda, Oxalufã prontamente lhe ajudou mas Exú, propositalmente derramou o dendê sobre Oxalufã e saiu.
Oxalufã banhou-se no rio, trocou de roupa e continuou sua jornada. Mas adiante encontrou-se novamente com Exu, que desta vez tentava erguer um saco de carvão a costas e pediu a Oxalufã que lhe auxiliasse, novamente Oxalufã lhe ajudou e Exú repetiu o feito derramando o carvão sobre Oxalufã, banhando-se no rio e trocando de roupa, Oxalufã prosseguiu sua jornada a Oyó, próximo já a Oyó, encontrou com Exú novamente tentado erguer um tonel de melado e a estória se repetiu. Nos campos de Oyó, Oxalufã encontrou com um cavalo fugitivo dos estábulos de Xangô, e resolveu devolver ao dono, antes de chegar a cidade, foi abordado pelos guardas que julgaram-no culpado pelo furto.
Maltrataram e prenderam Oxalufã. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro. Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Desesperado Xangô resolveu consultar um babalawô para saber o que acontecia e o babalawô lhe disse: a vida está aprisionada em seus calabouços, um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometera.
Com essa resposta, Xangô foi até a prisão e lá encontrou Oxalufã todo sujo e mal tratado. Imediatamente o levou ao palácio e lá chamou todos os Orixás onde cada um carregava um pote com água da mina. Um a um os Orixás iam derrubando suas águas em Oxalufã para lavá-lo. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco. E que todos permanecessem em silêncio. Pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufã. Xangô vestiu-se também de branco e nas suas costas carregou o velho rei. E o levou para as festas em sua homenagem e todo o povo saudava Oxalufã e todo o povo saudava Xangô.
Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição Saudação: Oraieieu Dia da semana: Sábado Data comemorativa: 12 de outubro Elementos: Água doce Domínios: Riqueza, sensualidade, amor, gestação, maternidade Cores: Amarelo ouro
Oxum é o Orixá da fertilidade, do amor. Domina os rios e as cachoeiras, imagens cristalinas de sua influência: atrás de uma superfície aparentemente calma podem existir fortes correntes e cavernas profundas. É conhecida por sua delicadeza.
Itã de Oxum
Em época em que Oxum, Oyá e Obá viviam no Reino de Xangô, Havia uma grande guerra em curso e Xangô conclamou suas três mulheres a acompanha-lo numa campanha.
Mas Oyá e Obá contestaram Xangô, alegando que Oxum não sabia guerrear.
Xangô então disse:
“Oxum, tu deverás aprender a lutar para se proteger, caso o Palácio seja invadido pelos nossos inimigos”…
Oxum disse:
“Podem ir! Eu cuidarei da Casa do meu Rei”!!
Obá desdenhou:
“Como vai cuidar do Reino, se só sabe se embelezar?
“Oyá disse que os escravos cuidariam dela e seguiram caminho para a guerra. Oxum então, ficou sozinha com as escravas…
Obá orgulhosa montou em seu lindo cavalo, ao lado de Xangô, enquanto Oxum os via saírem dos domínios.
E Oxum tocou a vida no palácio, como amava as crianças, cuidava das suas e de seus enteados, só de Oyá, eram nove.
Um dia uma de suas acompanhantes entrou correndo e gritando:
” – Minha Rainha, minha rainha, tem inúmeros soldados as portas do palácio!”
Oxum calmamente se levantou e foi a janela, era verdade, muitos homens guerreiros estavam lá fora.
.” – Abram as portas!” – disse Oxum
Todos se olharam e se surpreenderam, abrir a porta aos inimigos?
” – Mas, minha Rainha, seremos atacadas!”
Oxum insistiu, e enfim abriram os portões.
Para os soldados inimigos foi oferecido um banquete, por ordem de Oxum.
Xangô sabendo da “invasão” ao seu palácio, voltou correndo para casa, aflito entrou em seus domínios, enquanto via uma pilha de homens, em todos os lugares do palácio, desmaiados.
” – Oxum, o que aconteceu aqui? O que são esses homens em pilhas? – indagou o Rei.
” – Eu lhes abri as portas, lhes dei abrigo e os alimentei!” – disse Oxum
” – E estão dormindo?”
” – Não! Estão mortos! Eu os envenenei!” – disse Oxum
Obá e Oyá se emudeceram.
Xangô sorriu orgulhoso, sua mulher defendeu seus domínios e seus filhos.
Virou para seus súditos e bradou:
.- “Salve a Rainha Oxum, salve o sortilégio daqueles que agem com astúcia!”
Moral da História:
Inimigo não se afugenta; agrada-se eles.
Cairão sozinhos, consumidos em seu próprio ódio.
Oxum é mansidão por fora e um turbilhão por dentro. ORE YE YE O!
Sincretismo: São Sebastião Saudação: Okê Arô Dia da semana: Quinta-feira Data comemorativa: 20 de janeiro Elementos: Ar Domínios: Felicidade e ingenuidade Cores: Verde ou Azul (Entre azul de Yemanjá e azul de Ogum)
Orixá tímido, vive nas matas e dela traz a provisão para as aldeias. É o caçador, o protetor da fauna e da flora. É responsável por gerar o progresso e a riqueza do ser humano, garantindo a abundância da alimentação.
Itã de Oxossi
Oxossi garoto ainda, mas já demonstrando paixão pela caça e consequentemente pela mata, saía todas as madrugadas e voltava sempre ao anoitecer, sempre, trazendo uma novidade. Ele tinha poucos amigos, pois era desconfiado. Falava pouco, mas quando escapava uma conversa, falava muito de um amigo, Òsányìn. A mãe não gostava muito das proezas do amigo. Este fazia as pessoas se perderem na floresta, assustava a quem passava distraído, sem pedir licença – "ago".
Certo dia, a mãe o chamou e disse: – Tive um sonho desagradável com você, por isso, hoje não saia de casa. Ele insistiu e ela disse: – Então não vá para longe. Como Òṣósi era destemido, achou que era controle ou repressão. Sabia também que não era de briga ou agressão. Saiu. Adiante, encontrou com o amigo Òsányìn, que pulou em sua frente o assustando. Quando reconheceu o amigo, abraçaram-se e foram andando. Ele contou a conversa da mãe, ao que o outro respondeu: – Toda mãe é boba. Nem de briga você gosta. Você não é como Ògún. Andaram muito, tiveram sede. Odé, nas pressas, não pegou o embornal da água e se lamentou. O outro disse: – Tem nada não, tenho aqui uma coisa melhor que água. No primeiro gole, Odé achou forte e disse que não queria. O outro falou: – Você parece uma mocinha. Ao que ele respondeu – Sei que sou homem. E bebeu.
A sede aumentou, Odé bebeu mais e mais, ficou embriagado, sentou e dormiu. O outro gozador jogou a bebida pela cabeça do companheiro. A tal bebida era meladinha – aguardente e mel de abelha – e colocou um punhado de penas da cabeça aos pés, pelo rosto, braços. Pôs no corpo todo. Estando embriagado, Odé não sentiu. Ao acordar, horas depois, meio zonzo, achando-se estranho, pensou que era apenas efeito da bebida, foi para casa já bem tarde, depois da hora de costume. A mãe ao vê-lo fantasiado e trôpego, o expulsou de casa. Ele voltou para a mata desolado, não encontrou mais Òsányìn que tinha se tornado invisível, depois da peça que pregou. Odé tonto, triste, com fome e sede, todo cheio de penas, não teve condições de seguir em frente.
Pela madrugada chegou Ògún, encontra Odé nesse estado deplorável, toma conhecimento do ocorrido absurdo, manda que vá tomar banho no rio, prepara uma cabana de folhas e o põe dentro e fica de guarda até passar o efeito da embriaguez, até o amanhecer. Deste dia em diante, Ode tomou horror ao mel de abelhas, não quer nem ouvir falar no nome.
Sincretismo: São Jorge Saudação: Ogunhê Dia da semana: Terça-feira Data comemorativa: 23 de abril Elementos: Terra (estradas e caminhos em quaisquer lugares) Domínios: Persistência, coragem e determinação Cores: Azul escuro e algumas tonalidades do verde
Irmão de Exu e Oxossi, Ogum é o desbravador dos caminhos. É o ferreiro, aquele que faz as armas e vai pra guerra. Apaixonado pelas batalhas, luta com afinco e defende seus objetivos com bravura e agilidade.
É o Orixá da Tecnologia, sendo assim, é responsável por criar tudo que facilite a vida do ser humano. Orixá da Evolução.
Itã de Ogum
Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole, por isso o trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa, era necessário plantar uma área maior. Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área da lavoura. Ossaim, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno, mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossaim, todos os outros orixás tentaram um por um e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio.
Ogum, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então, quando todos os outros orixás tinham fracassado, Ogum pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os orixá, admirados, perguntaram a Ogum de que material era feito tão resistente facão, Ogum respondeu que era de ferro, um segredo recebido de Orunmilá. Os orixás invejavam Ogum pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, mas como à caça e até mesmo à guerra. Por muito tempo os orixás importunaram Ogum para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. Os orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca de que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente, Ogum aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ogum pedir-lhe o conhecimento do ferro, e Ogum lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram suas lanças de ferro.
Mas, apesar de Ogum ter aceitado o comando dos orixás, antes de mais nada ele era um caçador, certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada, quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado, eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado. Ogum se decepcionou com os orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los, então Ogum banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu, num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da árvore de acocô e lá permaneceu. Os humanos que receberam de Ogum o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebram a festa de Iudê-Ogum. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogum.
Sincretismo: São João Batista Saudação: Caô Cabecilê Dia da semana: Quarta-feira Data comemorativa: 30 de setembro Elementos: Fogo (Chamas altas), Raios e Rochas Domínios: Poder, trabalho e justiça Cores: Vermelho e Branco
Xangô é o Deus do trovão,o Rei de Oyó é sensual, charmoso e gosta dos prazeres da vida, sendo também o Orixá do Fogo.
É a ele que recorremos quando necessitamos de auxilio aos problemas de justiça, por sendo o rei, é responsável pela execução da justiça divina na terra. Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal.
Itã de Xangô
Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte, sem piedade ou compaixão. As atrocidades já não tinham limites. O inimigo mandava entregar a Xangô seus homens aos pedaços. Xangô estava desesperado e enfurecido. Xangô subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer. Xangô pediu ajuda a Orunmilá. Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com o oxé, bater com seu machado duplo. O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos. A guerra perdida foi se transformando em vitória. Xangô ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados por Xangô. A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos. Através dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo tipo de pendência, julgar as discordâncias e administrar justiça.
Sincretismo: São Lázaro Saudação: Atotô Dia da semana: Segunda-feira Data comemorativa: 15 de agosto Elementos: Terras submersas Domínios: Saúde Cores: Preto e Braco
O Rei da Terra, é filho de NANÃ, mas foi criado por IEMANJA. É uma divindade da terra dura, seca e quente. É às vezes chamado "o velho", com todo o prestígio e poder que a idade representa no Candomblé. Está ligado ao Sol, propicia colheitas e ambivalentemente detém a doença e a cura.
Itã de Obaluaê
Uma vez em sua caminhada pelo mundo, Obaluaiê passou por uma aldeia faminto e sedento. Por não saberem que se tratava do Omulu Orixá, os moradores se negaram a dar até mesmo um copo com água para ele, pois estranharam muito alguém todo coberto de palhas, o qual não poderiam nem mesmo ver o rosto.
Muito desapontado e triste ele saiu da vila e ficou nos arredores querendo entender mais sobre aquele povo. Durante este tempo de angústia, a aldeia caiu em miséria, as pessoas adoeceram o sol esquentou tanto que queimou as lavouras e sem saber o que acontecia, chegaram a conclusão que só poderia ser por causa do desconhecido que eles negaram até mesmo água.
Arrependidos, os líderes do local recolheram o pouco de alimento que restara e foram levar ao forasteiro juntamente com o pedido de perdão pela ignorância de todos. Compreendendo a dor dos moradores, Obaluaiê pisou novamente no vilarejo e tudo voltou a vida imediatamente. Omulu então pediu a todos que nunca negassem um prato de comida ou um copo com água a alguém necessitado, porque somente quem sofre sabe o peso que carrega nesta vida e não merece mais uma punição.
De volta a terra dos Orixás, Obaluaiê viu que estava acontecendo uma grande festa com todas as divindades presentes. Como não gostava de multidões e sentia vergonha de sua aparência, tendo que ficar todo coberto de palhas, ele preferiu se manter de longe escondido, só observando.
Iansã, que dominava os ventos viu o rapaz de canto e resolveu matar a sua curiosidade de saber como ele era, furtivamente ela mandou uma ventania no Orixá que levantou as palhas que o cobriam. Omolu ficou imóvel assustado e todos na festa também pararam para ver pela primeira vez um rapaz tão belo que brilhava como o Sol. Então Iansã dançou com ele até o final da comemoração e os dois se uniram para combater a morte e as doenças.
Sincretismo: Nossa Senhora dos Navegantes Saudação: Odoyá Dia da semana: Sábado Data comemorativa: 8 de dezembro Elementos: Água salgada Domínios: Maternidade e Educação Cores: Azul claro e branco, prata ou vidro transparente (para fio de contas)
Yemanjá é a rainha do mar, a mãe dos orixás. A senhora de todas as cabeças. A representação da maternidade, a mãe que cuida, que cria.
É ela quem recebe a criança quando nasce e entrega para o seu orixá olori.
Itã de Yemanjá
Yemanjá ganha o poder de cuidar de todas as cabeças – Olodumarê fez o mundo e repartiu entre os orixás vários poderes, dando a cada um reino para cuidar. A Exú deu o poder da comunicação e a posse das encruzilhadas. A Ogum o poder de forjar os utensílios para agricultura e o domínio de todos os caminhos. A Oxóssi o poder sobre a caça e a fartura.
A Obaluaê o poder de controlar as doenças de pele. Oxumarê seria o arco-íris, embelezaria a terra e comandaria a chuva, trazendo sorte aos agricultores. Xangô recebeu o poder da justiça e sobre os trovões. Oyá reinaria sobre os mortos e teria poder sobre os raios.
Ewá controlaria a subida dos mortos para o orum, bem como reinaria sobre os cemitérios. Oxum seria a divindade da beleza, da fertilidade das mulheres e de todas as riquezas materiais da terra, bem como teria o poder de reinar sobre os sentimentos de amor e ódio.
Nanã recebeu a dádiva, por sua idade avançada, de ser a pura sabedoria dos mais velhos, além de ser o final de todos os mortais; nas profundezas de sua terra, os corpos dos mortos seriam recebidos. Além disso do seu reino sairia a lama da qual Oxalá modelaria os mortais, pois Odudua já havia criado o mundo.
Todo o processo de criação terminou com o poder de Oxaguiã que inventou a cultura material. Para Iemanjá, Olodumarê destinou os cuidados da casa de Oxalá, assim como a criação dos filhos e de todos os afazeres domésticos.
Yemanjá trabalhava e reclamava de sua condição de menos favorecida, afinal, todos os outros deuses recebiam oferendas e homenagens e ela, vivia como escrava.
Durante muito tempo Iemanjá reclamou dessa condição e tanto falou, nos ouvidos de Oxalá, que este enlouqueceu. O ori (cabeça) de Oxalá não suportou os reclamos de Yemanjá.
Oxalá ficou enfermo, Yemanjá deu-se conta do mal que fizera ao marido e, em poucos dias curou Oxalá. Oxalá agradecido foi a Olodumarê pedir para que deixasse a Iemanjá o poder de cuidar de todas as cabeças. Desde então Iemanjá recebe oferendas e é homenageada quando se faz o bori (ritual propiciatório à cabeça) e demais ritos à cabeça.
Sincretismo: Santa Bárbara Saudação: Epahey, Oyá! Dia da semana: Quarta-feira Data comemorativa: 4 de dezembro Elementos: Raios, Ventos e Tempestades Domínios: Sensualidade e Guerreira Cores: Laranja e Coral
Iansã é um Orixá feminino e costuma ser saudada após os trovões, a senhora dos raios, dos ventos fortes e, conseqüentemente, da tempestade.
Iansã também é a Senhora dos Eguns (espíritos dos mortos), os quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim - seu instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de rabo de um cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal.
Itã de Iansã
Ogum ia abater um imponente búfalo quando viu a pele do animal se abrir e de dentro sair a bela Oiá! Linda, ricamente vestida e cheia de ornamentos que valorizavam sua beleza e sensualidade. Ela dobrou a pele do búfalo e o escondeu num formigueiro, dirigindo-se para a cidade. Ogum a seguiu e, dominado pela sua beleza, propôs-lhe casamento, sem ser aceito. Ogum, então voltou, pegou a pele no esconderijo e a guardou para si, voltando para a cidade. Quando Oiá, descobriu o roubo da pele, voltou a cidade e encontrando Ogum a sua espera, acusou-o, exigiu o que era seu e Ogum não admitiu nada. Oiá percebeu que teria de render-se e aceitar as propostas de Ogum, se quisesse seus pertences de volta. Mas impôs-lhe três condições: ninguém nunca poderia dizer-lhe diretamente que era um animal; ninguém nunca poderia usar cascas de dendê para fazer fogo; e ninguém nunca poderia rodar um pilão pelo chão da casa. Ogum aceitou e se casaram. Isso desagradou as demais mulheres de Ogum. Após o nono filho de Oiá, as demais mulheres, enciumadas, embriagaram Ogum com vinho de palma e conseguiram que ele lhes contasse o segredo de Iansã. Elas então acusaram-na de ser um animal e lhe disseram onde estavam suas pele, chifres e cascos. Oiá fingiu que não era com ela, mas quando sozinha, correu até o lugar indicado e achou seus pertences. Vestiu-os e eles se ajustaram perfeitamente, retomou a força do animal e com raiva atacou as outras mulheres e as matou. Ela pretendia voltar para a floresta, mas seus filhos a chamavam de volta. Ela então pegou seus chifres e os deu a eles, dizendo-lhes que se algum dia dela precisassem, que os tocasse e ela surgiria para defendê-los.
Sincretismo: Santa Ana Saudação: Salubá Nanã Dia da semana: Terça-feira Data comemorativa: 26 de julho Elementos: Terra fofa e pântanos (água + terra) Domínios: Maternidade na vida após a morte Cores: Roxo e suas variações
É o orixá da sabedoria e da longevidade. A senhora do barro. A avó dos orixás.
A orixá Nanã rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova "vida", já mais equilibrada.
Itã de Nanã
Conforme a mitologia Iorubá, Obaluaê é filho de Nanã (a lama primordial de que foram feitas as cabeças – Ori – humanas) e Oxalá. Tendo Obaluaê nascido cheio de feridas e de chagas pelo corpo, já que Nanã usou um feitiço para seduzir e engravidar de Oxalá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar; para que a maré-cheia o levasse. Caranguejos encontraram o bebê e atacaram-no com as pinças, tirando pedaços da sua carne. Quando Obaluaê estava todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou.
Iemanjá o encontrou muito ferido, quase morto, e, tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado.
Ela comodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura, até que o bebê se recuperou. Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.
No entanto, Obaluaiê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo; e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Obaluaê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaê, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério.
Sincretismo: Santos Cosme e Damião Saudação: Onibeijada Dia da semana: Domingo e Segunda-feira Data comemorativa: 27 de setembro Elementos: Ar Domínios: Felicidade e ingenuidade Cores: Todas as cores em conjunto ou rosa, azul e verde separadamente
Ibeji é divindade gêmea da vida, é a continuação da espécie. Representa os filhos, que para os africanos representam a certeza da continuidade. São a alegria de viver, a pureza.
Itã de Ibejis
Oyá andava pelo mundo disfarçada de novilha. Um dia Oxóssi a viu sem a pele e se apaixonou. Casou-se com Oiá e escondeu a pele de novilha, para ela não fugir dele. Oiá teve dezesseis filhos com Oxóssi. Oxum, que era a primeira esposa de Oxóssi e que não tinha filhos, foi quem criou todos os filhos de Oiá. O primeiro a nascer chamou-se Togum. Depois nasceram os gêmeos, os Ibejis, e depois deles, Idoú. Nasceu depois a menina Alabá, seguida do menino Odobé. E depois os demais filhos de Oiá e Oxóssi. Os meninos pareciam-se com o pai, as meninas, com a mãe. Oyá tinha os filhos que Oxum criava e assim viviam na casa de Oxóssi. Um dia as duas mães se desentenderam. Oxum mostrou a Oiá onde estava sua pele. Oyá recuperou a pele de novilha, reassumiu sua forma animal e fugiu. Os Ibejis são transformados numa estatueta São filhos de Iemanjá os dois meninos gêmeos, os Ibejis. Os Ibejis passavam o dia a brincar. Eram crianças e brincavam com Logum Edé e brincavam com Euá. Um dia, brincavam numa cachoeira e um deles se afogou. O Ibeji que ficou começou a definhar, tão grandes eram sua tristeza e solidão, melancólico e sem interesse pela vida. Foi então a Orunmilá e suplicou que Orunmilá trouxesse o irmão de volta. Que Orunmilá os reunisse de novo, para que brincassem juntos como antes. Orunmilá não podia ou não queria fazer tal coisa, mas transformou a ambos em imagens de madeira e ordenou que ficassem juntos para sempre. Nunca mais cresceriam, não se separariam. São dois gêmeos-meninos brincando eternamente, são crianças.
Sincretismo: Santo Expedito, São Roque ou São Benedito Saudação: Eu Eu Ossâe Dia da semana: Quinta-Feira Data comemorativa: 5 de outubro Elementos: Folhas e Ervas Domínios: Medicina e Liturgia Cores: Verde e Branco
Orixá que governa toda a floresta, juntamente com Oxossi, dono do mistério das folhas e seu emprego medicinal ou sua utilização mágica. Dono do axé (força, poder, fundamento, vitalidade e segurança) existentes nas folhas e nas ervas, ele não se aventura nos locais onde o homem cultivou a terra e construiu casas, evitando os lugares onde a mão do homem poluiu a natureza com o seu domínio.
Itã de Ossain
Ossaim, filho de Nanã e irmão de Oxumare, Euá e Obaluaiê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os orixás recorriam a Ossaim par curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossaim na luta contra doença. Todos iam à casa de Ossaim oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossaim lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos de os males. Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os orixás deveriam compartilhar o poder de Ossaim, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Xangô sentenciou que Ossaim dividisse suas folhas com os outros orixás. Mas Ossaim negou-se a dividir suas folhas com os outros orixás. Xangô então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossaim para que fossem distribuídas aos orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô. Ossaim percebeu o que estava acontecendo e gritou: "Euê uassá!" "As folhas funcionam!" Ossaim ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossaim. Quase todas as folhas retornaram para Ossaim. As que já estavam em poder de Xangô perderam o axé, perderam o poder de cura. O orixá-rei, que era uma orixá justo, admitiu a vitória de Ossaim. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossaim e que assim devia permanecer através dos séculos. Ossaim, contudo, deu uma folha para cada orixá, deu uma euê para cada um deles. Cada folha com seus axés e seus ofós, que são cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ossaim distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossaim não conta seus segredos para ninguém, Ossaim nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os orixás ficaram gratos a Ossaim e sempre o reverenciam quando usam as folhas.
Sincretismo: Santa Luzia Saudação: Ri Ro Ewá Dia da semana: Sábado Data comemorativa: 13 de dezembro Elementos: Céu rosado, Astros, Estrelas, Mata virgem e Ilhas Domínios: Vidência e Criatividade Cores: Variações do Rosa
Assim como Iemanjá e Oxum, também é uma divindade feminina das águas e, às vezes, associada à fecundidade. É reverenciada como a dona dos horizontes.
Itã de Ewá
Ewá engana a própria morte.
Certo dia Ewá estava à beira do rio, com um igbá (gamela) cheio de roupa para lavar quando avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de Ikú (a morte).
Pedindo seu auxílio, Ewá despejou toda roupa no chão, que se encontrava no igbá, emborcou-o em cima de Ifá e sentou-se.
Daí a pouco chega Ikú, a morte, e passando por Ewá pergunta se ela não viu passar por ali um homem e dava a descrição de Ifá.
Euá muito esperta, respondeu que havia visto sim um homem com aquela descrição, mas que ele havia descido rio abaixo e Ikú tratou logo de seguir no encalço de Ifá antes que esse desaparecesse.
Assim que a morte afastou-se deles, Ifá saiu debaixo do igbá e levou Ewá para casa, a fim de torná-la sua esposa e assim concedeu a ela a vidência, atributo que Ifá, o deus de todos os oráculos concedeu. Por esta razão Ewá é sincretizada com Santa Luzia, protetora dos olhos e da visão.
Sincretismo: Santa Joana d'Arc Saudação: Obá Xirê Dia da semana: Quarta-feira Data comemorativa: 30 de maio Elementos: Água revolta (doce) e fogo Domínios: Bravura e destemor, audácia e sucesso profissional Cores: Rosa
Filha de Iemanjá e Oxalá, Obá é considerada a senhora das águas doces revoltas. Além disso, é reconhecida por atuar na busca pelo equilíbrio e defendendo a justiça.
Itã de Obá
Obá vivia em companhia de Oxum e Iansã, no reino de Oyó, como uma das esposas de Xangô, dividindo a preferência do reverenciado Rei entre as duas Iabás (Orixás femininos). Obá percebia o grande apreço que Xangô tinha por Oxum, que mimosa e dengosa, atendia sempre a todas as preferencias do Rei, sempre servindo e agradando aos seus pedidos.
Obá resolveu então, perguntar para Oxum qual era o grande segredo que ela tinha, para que levasse a preferencia do amor de Xangô, vez que Iansã, andava sempre com o Rei em batalhas e conquistas de reinados e terras, pelo seu gênio guerreiro e corajoso e Obá era sempre desprezada e deixada por último na lista das esposas de Xangô.
Oxum então, matreira e esperta, falou que seu segredo era em como preparar o amalá de Xangô principal comida do Rei, que lhe servia sempre que deseja-se bons momentos ao lado do patrono da justiça. Obá, como uma menina ingênua, escutou e registrou todos os ingredientes que Oxum falava, sendo que por fim Oxum, falou que além de tudo isso, tinha cortado e colocado uma de suas orelhas na mistura do amalá para enfeitiçar Xangô.
Obá agradeceu a sinceridade de Oxum e saiu para fazer um amalá em louvor ao Rei, enquanto Oxum, ria da ingenuidade de Obá que, sempre atenta a tudo, não percebeu que Oxum mentira, pois ela encontrava-se com suas duas orelhas, e falará isso somente para debochar de Obá.
Obá em grande sinal de amor pelo seu Rei, preparou um grande amalá, e por fim cortou uma de suas orelhas colocando na mistura e oferecendo à Xangô como gesto de seu sublime amor.
Xangô ao receber a comida, percebeu a orelha de Obá na mistura, e esbravejou e gritou. Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e se transformaram nos rios que levam os seus nomes.
No local de confluência dos dois cursos de água, as ondas tornam-se muito agitadas em conseqüência da disputa entre as duas divindades. E, até hoje quando manifestadas em seus iaôs elas dançam simbolizando uma luta.
Sincretismo: São Bartolomeu Saudação: Arroboboi Dia da semana: Terça-feira Data comemorativa: 24 de agosto Elementos: Ar e terra Domínios: Movimentação e ciclos Cores: Todas as cores do Arco-Íris; amarelo e verde
Oxumarê é a renovação continua, mas em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um ser. É a renovação do amor na vida dos seres. E onde o amor cedeu lugar à paixão, ou foi substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Oxum e inicia-se a dele, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme. Ele dilui a religiosidade já estabelecida na mente de um ser e o conduz, emocionalmente, a outra religião, cuja doutrina o auxiliará a evoluir no caminho reto.
Itã de Oxumaré
Oxumare Arrobo Boi! Oxumaré era, antigamente, um adivinho (babalaô).O adivinho do rei Oni.Sua única ocupação era ir ao palácio real no "dia do segredo"; dia que dá início à semana de quatro dias dos iorubas. O rei Oni não era um rei generoso. Ele dava apenas, a cada semana, uma quantia irrisória a Oxumaré que,por esta razão, vivia na miséria com a sua família. O pai de Oxumaré tinha um belo apelido. Chamavam-no "o proprietário do xale de cores brilhantes". Mas, tal como seu filho, ele não tinha poder. As pessoas da cidade não o respeitavam. Oxumaré, magoado com esta triste situação, consultou Ifá."Como tornar-se rico, respeitado, conhecido e admirado por todos? "Ifá o aconselhou a fazer oferendas. Disse-lhe que oferecesseuma faca de bronze, quatro pombos e quatro sacos de búzios da costa. No momento que Oxumaré fazia estas oferendas, o rei mandou chamá-lo.
Oxumaré respondeu: "Pois não, chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia". O rei, irritado pela espera, humilhou Oxumaré,recriminou-o e negligenciou, até,a remessa de seus pagamentos habituais. Entretanto, voltando à sua casa, Oxumaré recebeu um recado: Olokum, a rainha de um país vizinho, desejava consultá-loa respeito de seu filho, que estava doente. Ele não podia manter-se de pé, caía, rolava no chão e queimava-se nas cinzas do fogareiro. Oxumaré dirigiu-se à corte da rainha Olokume consultou Ifá para ela. Todas as doenças da criança foram curadas. Olokum, encantada com este resultado,recompensou Oxumaré. Ela ofereceu-lhe uma roupa azul, feita de um rico tecido. Ela deu-lhe muitas riquezas, servidores e um cavalo, com o qual Oxumaré retornou à sua casa, em grande estilo.
Um escravo fazia rodopiar um guarda-sol sobre a sua cabeça e músicos cantavam seus louvores. Oxumaré foi saudar o rei. O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe:"Oh! De onde viestes? De onde saíram todas estas riquezas? "Oxumaré respondeu-lhe a rainha Olokum o havia consultado."Ah! Foi então Olokum que fez tudo isto por você! "Estimulado pela rivalidade,o rei Oni ofereceu a Oxumaré uma roupa do mais belo vermelho, acompanhada de muitos outros presentes. Assim, Oxumaré tornou-se rico e respeitado. Entretanto, Oxumaré era amigo de Chuva.
Quando Chuva reunia as nuvens,Oxumaré agitava sua faca de bronzee a apontava em direção ao céu,como se riscasse de um lado a outro.O arco-íris aparecia e Chuva fugia. Todos gritavam: "Oxumaré apareceu! "Oxumaré tornou-se muito célebre. Nesta época, Olodumaré o deus supremo,aquele que estende a esteira real em casae caminha na chuva,começou a sofrer da vista e nada mais enxergava. Ele mandou chamar Oxumaré e o mal dos seus olhos foram curados. Depois disto, Olodumaré não deixou mais que Oxumaré retornasse à Terra. Desde este dia, é no céu que ele mora e só tem permissão de visitar a Terra a cada três anos. É durante estes anos que as pessoas tornam-se ricas e prósperas.
Sincretismo: Santo Expedito Saudação: Loci loci logum Dia da semana: Quinta-feira Data comemorativa: 19 de abril Elementos: Floresta e Água doce Domínios: Riqueza e fartura Cores: Azul turquesa, verde e amarelo ouro
Um Orixá essencialmente Ijexá (da Nigéria). Caçador e pescador. Sendo filho de Oxossi e Oxum, assume características de ambos. É dito que ele vive metade do ano nas matas – domínio do pai, comendo caça; e a outra metade nas águas doces – domínio da mãe, comendo peixe.
Itã de Logunedé
Mesmo se amando, Oxóssi e Oxum não viveram juntos, pois seus costumes, gostos e interesses eram muito diferentes, ao saber que sua amada estava grávida, Oxóssi disse à ela: “Oxum, pelo amor que tenho por ti, gostaria de ficar com o menino e criá-lo da melhor forma possível, o ensinarei a ser um grande caçador e guerreiro e ele aprenderá sobre todos os segredos das matas.” Impossibilitada de se separar do filho que tanto amava, Oxum respondeu: “O menino ficará 6 meses com o pai e 6 meses com a mãe, comerá de caça e de peixe. Ele será Oxum e Oxóssi, sem deixar de ser ele mesmo Logunedé: o príncipe da floresta e exímio caçador”.
Recebeu de presente de sua mãe um espelho, o abebé, no qual ele se admira e de seu pai ganhou ofá, arco e flecha para aprender os dons da caça. Esses objetos o mantém sempre próximo aos seus pais, já que a silenciosa floresta nunca pode seguir o esperançoso e vivaz fluxo de um rio.
Sincretismo: Santo Antonio Saudação: Laroyê Dia da semana: Segunda-feira Data comemorativa: 13 de junho Elementos: Terra e Fogo Domínios: Elementos terrenos, humanos e materiais Cores: Preto e vermelho
Quando no Brasil, os escravos foram obrigados a professar a religião católica, dedicavam o culto a Santo Antônio, acendendo grandes fogueiras. Como na crença africana, o dono do fogo é Exu, Santo Antônio tornou-se o agente de Exu e esta crença foi absorvida pela Umbanda, de modo que para nós ele se chama Santo Antônio de Pemba ou de Ouro Fino, e rendemos nossas homenagens a ele, com a crença que é o mensageiro das palavras do Bem e de Jesus, e o agente das forças mágicas da Umbanda desamarrando as demandas, os trabalhos de desobsessão, protegendo as pessoas dos espíritos malignos e também trazendo de volta o que estava perdido. Para ele dirigimos nossas preces, acreditando que auxilia no destino dos encarnados, ao lado das entidades amigas que tanto nos ajudam, que são os Exus da Umbanda.
Brincalhão, irreverente, galanteador, o Exu é quem leva os nossos pedidos ao Orun (céu) e entrega a Olorum. É também o guardião, aquele que é o intermediário entre os seres humanos e os orixás, encarregado de ligar o mundo dos espíritos ao mundo material, de proteger as fronteiras, as casas, templos, cidades, sendo ele também, o Orixá da Comunicação. Exu também é responsável pelas ligações de afetividade entre as pessoas, o que faz do dia 13 de junho uma data especial para o amor.
Itã de Exu
Exu era o irmão mais novo de Ogum, Odé e outros orixás. Era tão turbulento e criava tanta confusão que um dia o rei, já não suportando sua malfazeja índole, resolveu castigá-lo com severidade. Para impedir que fosse aprisionado, os irmãos o aconselharam a deixar o país. Mas enquanto Exu estava no exílio, seus irmãos continuavam a receber festas e louvações. Exu não era mais lembrado, ninguém tinha notícias de seu paradeiro. Então, usando mil disfarces, Exu visitava seu país, rondando, nos dias de festa, as portas dos velhos santuários. Mas ninguém o reconhecia assim disfarçado e nenhum alimento lhe era ofertado. Vingou-se ele, semeando sobre o reino toda sorte de desassossego, desgraça e confusão. Assim o rei decidiu proibir todas as atividades religiosas, até que se descobrissem as causas desses males. Então os babalorixás reuniram-se em comitiva e foram consultar um babalaô que residia nas portas da cidade. O babalaô jogou os búzios e Exu foi quem falou no jogo. Disse nos odus que tinha sido esquecido por todos. Que exigia receber sacrifícios antes dos demais e que fossem para ele os primeiros cânticos cerimoniais. O babalaô jogou os búzios e disse que oferecessem um bode e sete galos a Exu. Os babalorixás caçoaram do babalaô, não deram a menor importância às as suas recomendações e ficaram por ali sentados, cantando e rindo dele. Quando quiseram levanta-se para ir embora, estavam todos grudados nas cadeiras. Sim, era mais uma das ofensas de Exu! O babalaô então pôs a mão no ombro de cada um e todos puderam levanta-se livremente. Disse a eles que fizessem como fazia ele próprio: que o primeiro sacrifício fosse para acalmar Exu. Assim convencidos, foi o que fizeram os pais e mães de santo, naquele dia e sempre desde então.